sábado, 9 de fevereiro de 2013

Os Benefícios do Treinamento com Exercícios Resistidos para Cadeirantes

 
Os exercícios resistidos (ER) têm-se tornado objeto de investigação científica nas últimas duas décadas devido à importância de sua prescrição para objetivos que vão desde o rendimento esportivo até o tratamento e profilaxia de inúmeras enfermidades Os mesmos são considerados como o principal recurso para o desenvolvimento de valências físicas como força, potência e resistência muscular, que são estabelecidas como indicadores de saúde e qualidade de vida em indivíduos não atletas pelo American College of Sports Medicine.
Os ER na paraplegia vêm-se mostrando como uma área de interesse crescente e aplicação prática. Portadores de necessidades especiais que incluem atletas competitivos, não atletas, e indivíduos interessados na melhoria das capacidades funcionais e saúde podem obter muitos benefícios de um programa de ER quando elaborado e organizado de forma correta por uma Profissional de Educação Física credenciado.
Os paraplégicos em geral são caracterizados como extremamente sedentários devido ao seu estilo de vida que não promove estímulos adequados para a melhora de seu condicionamento. Desta forma, atividades físicas estruturadas como, por exemplo, os ER, devem ser incorporados ao cotidiano dessas pessoas, para suprir a carência de tais estímulos.
De acordo com Artur Hashimoto, idealizador e precursor do CORE 360º para Cadeirantes no Brasil, recuperar mínimos movimentos como tomar água sem precisar apoiar o braço sobre a mesa ou pegar um cabide no guarda-roupa sozinho já são consideradas grandes conquistas para essas pessoas. A frente do Instituto Saúde em Evidência, uma academia totalmente inclusiva, localizada em São José dos Campos, interior de São Paulo, Artur explica que um dos objetivos do treinamento funcional é "atacar" os fatores limitantes de movimento do cadeirante.
O método core busca recuperar a estabilidade do tronco com uma série de exercícios para quadris, abdome e região lombar. “São esses exercícios para o centro do corpo que vão devolver ao cadeirante sua estabilidade”, explica Hashimoto.

Através de um treinamento global que prioriza o fortalecimento dos músculos da região do core (centro de produção e geração de estabilidade), com tarefas que utilizam o peso do próprio corpo, acessórios tradicionais (estações de cabo/barras/halteres/anilhas) e alternativos (faixas elásticas/medicine ball/fit ball/disco de equilíbrio), treinando no mínimo duas vezes por semana e uma hora por dia, é possível desenvolver um treinamento que proporcionará aos cadeirantes mais autonomias e aos poucos eles poderão ter uma vida totalmente ativa e independente.

Para montar um treino, que sempre é bastante personalizado, o treinador precisa considerar o tipo de lesão do aluno, pois ela influencia em sua capacidade de movimentação. Se a lesão for ao alto da região torácica, por exemplo, a capacidade de sustentação do corpo será menor.

A região torácica da medula espinhal é composta por 12 segmentos (T1 ao T12) e controla tórax, abdome e parte dos membros superiores. “Já tive alunos com lesão na T2 e com lesão na T5. A diferença no controle do corpo é enorme”, afirma Hashimoto.
O treinamento personalizado é elaborado com base nas necessidades mais urgentes do aluno. “Fiz um trabalho de flexibilidade para um aluno que não conseguia tirar o tênis sozinho. Hoje ele consegue cruzar a perna e já alcança o próprio pé”, comemora Hashimoto.

Outro aluno tinha dificuldade para sustentar o corpo e, por isso, foi submetido a um treinamento para fortalecer o equilíbrio do tronco. “A meta do treinamento é devolver a autonomia, para que o aluno possa fazer suas coisas sem ajuda, como sair da cadeira, entrar no carro ou deitar na cama”, afirma o treinador.

A maior parte do treino pode ser realizada com elásticos, bolas de ginástica, halteres e máquinas normais de academia. Praticamente não é preciso adaptar os equipamentos. “Mas a academia precisa ser espaçosa para o aluno passar com a cadeira”, conta. Também é preciso ter banheiro adaptado.
Os exercícios livres, muitas vezes, são mais interessantes que os exercícios em máquinas. “A máquina direciona o movimento. No exercício livre o aluno tem liberdade de movimento e exercita também seu equilíbrio”, explica.

Podem ser utilizados até exercícios lúdicos, úteis para o caso de cadeirantes infantis. O aluno mais novo de Hashimoto tinha 10 anos e perdeu os movimentos da perna depois de um câncer, aos dois anos de idade.

Os exercícios são sempre adaptados às necessidades do cadeirante, em vez do cadeirante se adaptar ao movimento do exercício, como acontece nos treinamentos convencionais. “Isso faz do treinamento algo bem específico”, diz Hashimoto.

 “A meta é chegar a um corpo equilibrado. Que tenha força, resistência, flexibilidade, massa muscular e coordenação motora”, conta o treinador.

Cada vez mais este público está procurando as academias e é dever dos Profissionais cada vez mais procurar cursos, estudos, aprimoramentos para atendermos da melhor forma  com qualidade, tornando a qualidade de vida destes a melhor possível.
 
Fonte: Jornalismo Portal Educação Física e Revista Brasileira de Medicina do Esporte.
 

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